Nelson Fidelis é homenageado com samba enredo do 'Nem Sague Nem Areia', amanhã

O bloco Nem Sangue Nem Areia apresenta amanhã seu samba “Griô do meu interior”,onde homenageia o sambista de 82 anos e a sua Velha Arte do Samba---

De dia, ele é um plebeu serralheiro. À noite, se transforma em um nobre cheio de anéis e com uma voz potente e afinada. Esse é o ‘seo’ Nelson Fidelis, 82 anos, uma figura respeitada no meio artístico campineiro, que tem como modo de vida o compromisso de não deixar o samba morrer. É em sua homenagem que o bloco campineiro ‘Nem Sangue Nem Areia’ apresenta na tarde deste sábado (dia 8) o samba enredo do Carnaval 2025, que tem como temática “Nelson Fidelis – a Velha Arte do Samba”. Ele, que é uma das vozes mais marcantes da cidade, estará no lançamento que acontece no Bar e Café Seo Cuba (@seocuba), localizado no bairro Bonfim, cantando e vibrando com o samba. 

O evento contará com um show da Velha Arte do Samba, que durante muito tempo acompanhou as apresentações de Nelson Fidelis. Batizado de “Griô Do Meu Interior”, o samba enredo é assinado por Thiago Souza e Fabinho Azevedo, que será o intérprete do samba no desfile que acontece um final de semana antes do carnaval, na Vila Industrial. No show de lançamento, Fabinho Azevedo (autor dos sambas-enredos nos anos em 2017, 2018, 2019 e 2025) será acompanhado por Rildo Carvalho (violão sete cordas), Dudu Baradel (voz e cavaquinho), Adriano Amorim (bandolim), Edson Sousa (surdo e voz) e Ed (pandeiro). 

Justa homenagem

Nelson Fidélis (@cantornelsonfidelis) é considerado um dos maiores intérpretes do samba hoje em Campinas. Tem potência de voz, ritmo e experiência, afinal já acumula mais de 60 anos de cantoria, na seresta e no samba. Ele se diz feliz com as homenagens que recebe, e cita entre elas não apenas este samba enredo, mas também a primeira edição do “Diploma Noel Rosa” e a medalha da entidade “Negros Nobres de Campinas”. E salienta que “sempre lembram de mim, sei que não sou eterno, mas quando eu me for gostaria de deixar saudade. Afinal, o samba autêntico nunca morreu!”. 

Sua musicalidade vem das raízes, afirma, ao lembrar que a mãe “era uma lavadeira cantadeira” e o pai funcionário braçal da Companhia Mogiana. “Sua forma de relaxar quando chegava em casa era tocando seu rústico violão de seis cordas, momento em que a família se achegava em volta para ouvir e cantar”, lembra.  Hoje ele canta pelos bares acompanhado pelos grupos “Velha Arte do Samba”, “Samba do Professor” e outras formações, além de participar do “Grupo de Seresteiros de Sousas”.

Campineiro nascido na Rua Abolição em 19 de abril de 1943, Fidelis conta que sua base no samba veio dos botequins do bairro. E se orgulha por ter participado, quando jovem, dos programas da extinta TV Excelsior, nos quadros de calouros do Bolinha e do Chacrinha, além de papo com Rolando Boldrin, mais recentemente, no Bem Brasil da TV Cultura. Para quem quer saber mais sobre sua história, ele recomenda o livro escrito pela pesquisadora da Unicamp, Erothides Loyola, publicado em 2013: “A Velha Arte de Nelson Fidélis: O Nosso Samba em Sua Voz”. 

Enredo amplo

O samba enredo do ‘Nem Sangue Nem Areia’ em 2025 “vai contar a história desse maestro de bamba, que junto com a Velha Arte do Samba, cantou pelos quatro cantos da cidade e levou alegria para milhares de corações campineiros” explicam os diretores do bloco. Na tradição africana, “griô” é o indivíduo que tem por vocação preservar e transmitir as histórias, conhecimentos, canções e mitos do seu povo. No Brasil, é aquele que em uma comunidade detém a memória do grupo e funciona como difusor de tradições. Por isso, o samba ganhou o título de “Griô do meu interior”, para lembrar que Nelson Fidelis e A Velha Arte do Samba fizeram esse trabalho de divulgar o samba em todo o Estado de São Paulo, percorrendo cidades do Guarujá a Ribeirão Preto.   

O enredo percorrerá uma linha do tempo, que começa nas tardes de sábado do início desse século, no cruzamento das ruas César Bierrembach com a Dr. Quirino, e que se tornou, na época, a Rua do Samba de Campinas, relata Cardinalli. Com a organização de Amaury de Oliveira, o grupo A Velha Arte do Samba deu ali seus primeiros passos até se tornar um dos melhores grupos de samba da região. Foram centenas de shows que passaram pelo Tonico’s Boteco e a Casa São Jorge, entre os inúmeros botequins e casas de espetáculo, sempre cultivando o samba de raiz, muitas vezes ao lado de grandes nomes na música nacional, como Jamelão, Noite Ilustrada, Djalma Pires, Monarco e Nelson Sargento, entre outros. 

O bloco da Vila

O filme de touradas “Nem Sangue Nem Areia” (1941), deu nome a uma das mais tradicionais agremiações do carnaval campineiro, que nasceu e desfilou pelas ruas da operária Vila Industrial entre as décadas de 1940 e 1970. A inspiração veio tanto pela influência da produção cinematográfica, quanto pelo fato de a Vila Industrial ser um bairro que abrigava matadouros e curtumes, o que fazia com que a passagem de rebanhos pelas ruas do bairro fosse uma cena comum. Já transformado em escola de samba, o ‘Nem Sangue Nem Areia’ original fez seu último desfile em 1976. Somente em 2009 retomou suas atividades e, em 2025, o bloco fará o 15º desfile desde seu retorno (@bloconemsanguenemareia).

FIDELIS NO PASSADO NO JORNAL ALTO TAQUARAL

Campinas, 13/04/2013 - O Tonico’s Boteco, no dia 19 de abril (sexta-feira), às 19H30, estará lançando o livro A Velha Arte de Nelson Fidélis, de Eurotides Loyola. O livro aborda a vida e carreira do cantor Nelson Fidelis, vocalista do grupo a Velha Arte do Samba, que completa 70 anos de muita história para contar. O Tonico’s Boteco está localizado na Rua Barão de Jaguara, nº 1373, centro, Campinas-SP. Informações: (19) 3236-1664. O couvert será R$ 15,00. 

Campinas - 20/04/2013 - O tonicos tem a honra e alegria de comemorar os 10 anos do Velha Arte na Casa, os 12 anos do Grupo e os 69 anos de Nelson Fidelis. Nesta sexta muito festiva, o VELHA ARTE recebe ZE GUILHERME, para participar da festa- couvert R$ 12,00 - 21,30 hrs.