Sexta, 18 de Abril de 2025
Do livre pensar Santos

"VAR' hoje; 'Feições' ontem

A conversa amena deste santista de raiz, com o neto palmeirense, concluímos que houve dúvida no lance sobre ser pênalti ou não

22/04/2024 às 10h53 Atualizada em 04/06/2024 às 16h00
Por: Timóteo Camargo
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Foto: Reprodução/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes - PE
Foto: Reprodução/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes - PE

Ainda o jogo Palmeiras e Santos no domingo.

Ainda o pênalti.

Ainda o juiz, ainda o VAR.

Ainda o juiz do VAR, RODRIGO GUARIZO DO AMARAL.

Ainda para que time ele torce?

Hoje tem o ‘VAR’, ontem tinha os ‘feições’.

A conversa amena deste santista de raiz, com o neto palmeirense, concluímos que houve dúvida no lance sobre ser pênalti ou não. E pela dúvida, me disse o neto: “O VAR chamou e concluiu pelo pênalti”, convertido em gol a favor do Palmeiras.

 

Foto
FONTE: varzealsantista.com

 

 

Na mesa com ele e diante da mãe dele, aparentemente sem time predileto definido, mas por natureza a apoia o filho; e também minha esposa, torcedora do Galo (e o neto), cutuquei a onça com vara curta: “E quem é o VAR?”

O neto foi enfático: “O dono do jogo!” E apoiado, lógico, pela mãe e, claro, claro, pela avó.

Era verdade. Consenti. Não há contra-argumento capaz de se impor a uma decisão do dono. Lembrei da história do dono da bola.

Mas decidi refugar o uso dele por ter exemplo mais convincente de um ‘VAR’ de ontem.

Na década de 60/70, a várzea santista pegava fogo com os campeonatos amadores. Um dos times da época que imperava nos campos do Canal 5 era o EC Flórida. O temido Flórida.

Naquela época, encontrar alguém que aceitasse ‘apitar o jogo’, ser o juiz, era muito difícil, pois o cara precisava ser ‘muito macho’. Assim, nessa guerra futebolística de Santos, havia jogos em que era preciso trocar o juiz uma, duas ou três vezes durante a partida.

Quando mais ninguém aceitava o apito oferecido de mão em mão a quem estivesse mais próximo dele, o pessoal recorria ao ‘VAR’ de então.

O cara era conhecido como ‘feição’. Isso mesmo, apenas ‘feição’. E por que ele, apenas e tão somente ele, aceitava o apito de um jogo emperreado pra caramba?

Porque ele era o ‘VAR’ da época! A decisão dele ali dentro daquele retângulo, mais cheio de mato do que grama, mais buraco do que chão liso, era a voz de Deus. Última palavra. E às vezes era a última palavra mesmo.

Quando tudo parecia perdido no jogo daquele domingo, lá vinha o ‘feição’ do macuco com o apito na mão. Vinha descalço como todos os jogadores da várzea, vestia bermuda curta como todo bom santista e sem camisa, com a correntinha de ouro com crucifixo, sagradamente beijada antes da empreitada.

Hoje, a FPF põe o áudio da calorosa discussão entre ‘juízes-VAR’ sobre o lance, e a gente vê passar nas telas da sala mais de cem vezes a mesma jogada.

Naquela época, o ‘feição’, como juiz, também mostrava suas armas. Na parte de trás do cós da bermuda, bem fiados às costas, quase encobertos, lá estavam dois trezeitões.

A partir daí, o jogo era o melhor daquele domingo.

E o ‘feição’ era meu irmão...

Gege

GILBERTO GONÇALVES

FEIÇÃO

ANTONIO GONÇALVES JUNIOR

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