Terça, 25 de Março de 2025
Do livre pensar DESFAZENDA

Menos ciência, mais especulação imobiliária

Adilson Roberto Gonçalves - Pesquisador da Unesp

18/10/2024 às 16h26 Atualizada em 18/10/2024 às 16h47
Por: Gilberto Gonçalves
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Menos ciência, mais especulação imobiliária

Menos ciência, mais especulação imobiliária

O desenvolvimento científico passa longe dos governos de direita e Tarcísio de Freitas em São Paulo segue fielmente a cartilha do bolsonarismo. São impactantes suas tentativas de cortar orçamento das universidades públicas e da principal agência de fomento à pesquisa do Estado e do Brasil, a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Conseguiu contigenciar quase um terço do orçamento, que ainda está em discussão na Assembleia Legislativa.

            A especulação imobiliária em Campinas é extensa e intensa. Áreas antes protegidas ambientalmente estão sendo destinadas a loteamentos sem um estudo do impacto que causarão quanto à mobilidade urbana, especialmente na parte Norte da cidade, em que está o distrito de Barão Geraldo. O empreendedor que construirá nessas áreas virgens ou que se beneficiará das mudanças de perfil e de gabarito não será o que vai ali residir, ou seja, será o beneficiário, mas não o usuário. Tais impactos acontecerão, sem contar a direta e imediata perda da cobertura vegetal.

            A Fazenda Santa Elisa em que o Instituto Agronômico de Campinas possui e desenvolve seus campos experimentais sempre foi alvo de crítica por considerarem – os tais empreendedores imobiliários – uma grande área em região muito nobre. A prefeitura já fez inserções no lado menor da fazenda, a que quase faz divisa com o Parque Taquaral, à beira da rodovia Zeferino Vaz, com um depósito de resíduos e outras destinações.

            Já houve incêndios criminosos no IAC para destruir plantações experimentais, que nunca foram devidamente esclarecidos, e a pesquisa com as diversas cepas de café é uma das muitas que são conduzidas no IAC como tecnologia de ponta, com reconhecimento nacional e internacional.

            O concurso recentemente realizado para preencher vagas nos Institutos de Pesquisa subordinados à APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios), incluindo o ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos) e o IAC, atende parte da demanda, porém de forma desestimulante. O edital foi publicado em julho de 2023 e ainda não foram realizadas as contratações. O salário inicial é de cerca de R$ 5 mil. Como comparação, um cargo de pesquisador na Unicamp ou Unesp tem como salário inicial R$ 12 mil e o de professor universitário, com doutorado, próximo a R$ 16 mil.

            A comunidade científica, não apenas os das associações de pesquisadores do IAC, está atenta aos desvarios do governo estadual. Com a reeleição do prefeito de Campinas do mesmo partido que o do governador, com votação expressiva, será difícil segurar o trator da especulação. As verdinhas falam mais alto do que o verde que se quer e se deve preservar.

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