Domingo, 13 de Outubro de 2024
Do país AGRICULTURA

Tempo seco ameaça floração e reforça expectativa de baixo pegamento

A florada do café do produtor Marcelo Giovanini, de Heliodora/MG que sofre com o tempo seco prolongado

01/10/2024 às 20h33 Atualizada em 02/10/2024 às 09h08
Por: Gilberto Gonçalves
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Tempo seco ameaça floração e reforça expectativa de baixo pegamento

"Não existe mais cenário climático que vá fazer com que tenha uma boa safra no próximo ano", afirma engenheiro agrônomo Alysson Fagundes, da Fundação Procafé

Apesar de estar bem adiantada e significativa nas principais regiões cafeeiras do Brasil, as floradas do café já sofrem o impacto direto do tempo seco prolongado que o país está passando. São mais de 140 dias em que a falta de chuva nas principais áreas produtoras registram e acumulam problemas não só para safra 2025, como para as futuras também. 

A previsão do tempo para essa semana ainda é de seca e altas temperaturas, predominando sobre a maior parte das áreas produtoras de café. De acordo com o ClimaTempo, uma nova onda de calor esta se estabelecendo no interior do Brasil, e vai manter as temperaturas acima da média nos próximos dias. Chuvas mais significativas devem atingir as áreas cafeeiras só a partir da segunda semana de outubro.

 

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Quantidade de água a dois metros de profundidade no solo. Fonte: NOAA

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Precipitação total acumulada nos últimos 90 dias. Fonte: Inmet

Diante deste cenário climático adverso, a floração do café está prejudicada, com expectativa de um baixo pegamento e um grande risco de abortamento dos botões florais. 

Para o engenheiro agrônomo da Fundação Procafé, Alysson Fagundes, mesmo com a chegada das chuvas, a situação da produtividade do café brasileiro permanece crítica para as próximas safras. "Não há reversão, (com a chuva) as perdas só paralisam. Não existe mais cenário climático que vá fazer com que tenha uma boa safra no próximo ano, as chuvas de agora por diante apenas paralisam as perdas, mas para ficar bom de novo é impossível", explicou Alysson.  

Ainda de acordo com o engenheiro, todas as regiões de produção do café arábica estão sofrendo muito com a estiagem prolongada; "em menor proporção, o Espírito Santo. Em proporção média, as matas de Minas. As demais, todas elas, sul de Minas, o oeste de Minas, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Mogiana Paulista, estão sofrendo muito com a crise hídrica". 

Na região sudeste de Minas Gerais, praticamente todas as lavouras de café tiveram uma florada muito significativa, mas correm o risco de abortarem os botões florais por conta da estiagem e alta da temperatura. O consultor administrativo em cafeicultura, José Angelo, explica que para garantir um bom pegamento da florada, as chuvas já deveriam estar "caindo" pela região, " as lavouras mais saudáveis, com mais folhas, suportam mais as estiagens. Porém, os cafeeiros suportam este cenário, com menor prejuízo, acredito que mais uns dez dias", projetou o consultor. 

O Brasil enfrenta a maior estiagem da história registrada há 40 anos. "O clima já está mudando há alguns anos. As floradas mais significativas eram em meados de outubro e novembro, mas as mudanças climáticas vem antecipando as floradas e causando prejuízos para alguns produtores que ainda não se adaptaram a nova realidade", completou o consultor.  

PRODUTOR MARCELO GIOVANINI, DE HELIODORA, ESPERA AJUDA DIVINA

O quadro pintado pelo especialista é exatamente o que o produtor Marcelo Giovanini, de Heliodora/MG, está vendo na sua plantação(FOTO). "As flores estão vivas mas se não vier chuva vamos perder muito nesta colheita", lamenta Giovanini

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